segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Técnicas de escrita

A escrita geralmente é a última habilidade que desenvolvemos na língua estrangeira. Contudo, é importante para quem realizará prova de proficiência ou deseja ser tradutor, por exemplo. Vejamos algumas questões prévias de autoavaliação:
1. Você escreve algo derivado de necessidade real (tema e vocabulário pertinentes)?
2. Elabora resumo antes de começar?
3. Busca consolidar o que já conhece?
4. Aplica o que acabou de aprender?
5. Elabora lista e controla seus "erros preferidos" (aqueles que você sempre comete)?

Agora vejamos 3 técnicas de escrita propriamente ditas, seguidas de 3 observações:
1. Técnica do speech focada somente na escrita: como já comentado no post sobre a técnica de conversação do speech (discurso), a ideia é escrever algo que você precisa comunicar imediatamente. A necessidade de escrever fará você buscar ativamente pelos conhecimentos que porventura lhe faltem, como vocabulário e gramática. Devido a essa busca ativa e uso imediato, a tendência de você fixar esses conhecimentos é maior.
2. Técnica da escrita de diálogos: assim como na conversação a pessoa pode falar alto ou treinar diálogos apenas mentalmente, aqui tudo é posto no papel. Já foi dito uma vez que a leitura fornece conhecimento, o debate dá agilidade e a escrita confere precisão.
3. Técnica da cópia: trata-se da cópia do trecho preferido de um livro, revista ou qualquer mídia impressa. A partir dessa cópia, você pode alterar algumas palavras por seus sinônimos, alterar a estrutura de uma frase, enfim, você pode brincar com o texto, melhorando sua escrita, vocabulário e gramática tudo ao mesmo tempo, tendo como foco um texto que aprecia.

Quando estiver escrevendo e ficar em dúvida quanto a uma palavra ou estrutura, use o que achar mais correto. Não pare para checar em gramáticas ou dicionários enquanto estiver digitando ou com a caneta na mão. Só depois de finalizado o texto você volta nas partes duvidosas e faz uma revisão. Assim você pode verificar se o que pensou estava correto ou não e retificar seu pensamento. Se você sempre consulta as gramáticas ou dicionários antes de escrever, pode acabar fazendo isso de modo automático e não assimilar o conteúdo procurado.

Por outro lado, você pode estudar na gramática uma determinada estrutura e em seguida utilizá-la em seu texto. O mesmo pode ser feito com vocabulário novo. Você pode usar uma técnica ou outra, conforme seus objetivos, ou mesmo variá-las, usando ora uma ora outra, a fim de quebrar a rotina e tornar os estudos autodidáticos sempre atraentes.

Além disso, é importante também ter seu texto revisado por nativos do idioma. Agora, cuidado! Se você está caminhando do nível intermediário para o avançado, por exemplo, um nativo com poucos conhecimentos linguísticos pode acabar dando uma opinião duvidosa. Já tive experiência com nativos de vários idiomas que, por saberem menos de gramática e às vezes por desconhecerem palavras mais técnicas, acabaram corrigindo errado o meu texto. Às vezes, quando você descobre que aprendeu errado, pode ser tarde demais, ainda mais se você estiver fazendo um exame de proficiência! Por isso, é muito importante selecionar os seus "tutores" linguísticos. Isso ocorre porque a parte escrita é a habilidade menos treinada pela maioria das pessoas, seja qual for o idioma.

Boa escrita!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Técnicas de leitura

As técnicas de leitura em idioma estrangeiro são fundamentais para aumentar o vocabulário, adquirir conhecimentos técnicos ou mesmo para entretenimento. Ao modo de autoavaliação, o(a) interessado(a) pode começar respondendo às seguintes perguntas:
1. Uso meus conhecimentos sobre o tema para decifrar as partes obscuras de um texto?
2. Apoio-me no contexto?
3. Aproveito os cognatos para ampliar meu vocabulário?

A palavra cognato significa, aqui, as palavras de origem comum, ou mais precisamente, de mesma raiz. O verbo "considerar" tem como cognatos, por exemplo, as palavras "consideração", "considerável", "consideravelmente", "considerado", "considerando", "considerabilidade", "desconsiderar", desconsideração". Ou seja, conhecendo o verbo, não é difícil deduzir o sentido das outras palavras. Para isso é importante conhecer os prefixos (palavras que vêm antes, como o "des-" de "desconsiderar") e os sufixos (palavras que vêm depois, como o "-ável" de "considerável"). Essa habilidade com a nossa própria língua materna pode e deve ser transferida para línguas estrangeiras. Disso deriva a primeira técnica abaixo:

1. Técnica do cognato: conhecimento dos principais prefixos e sufixos do idioma para derivar palavras e decifrar o texto.
2. Técnica da repetição do tema: ler vários textos sobre o mesmo assunto de interesse. O ideal é que seja assunto já dominado na língua materna, pois sendo assim fica mais fácil deduzir o significado de palavras desconhecidas no idioma estrangeiro.
3. Técnica da leitura de livro traduzido: ler a tradução, para o idioma estudado, de um livro que se conhece bem. Apesar de muitas vezes traduções não apresentarem a mesma fluidez de um texto escrito no idioma original, elas são muito boas porque você já sabe de antemão o que o texto quer dizer.
4. Técnica da leitura extensiva: na leitura extensiva, lê-se muito sem se preocupar com detalhes ou palavras desconhecidas. A ideia é passar por cima do texto para, de maneira até inconsciente, se absorver o modo de construção das frases (sintaxe) assim como vocabulário novo.
5. Técnica da leitura intensiva: na leitura intensiva, seleciona-se um trecho para dissecção. Dissecar significa entender todas as relações entre as palavras, a começar pela identificação do sujeito, do verbo e dos complementos, suas variações, e todo o vocabulário contido naquela passagem. Não importa se são necessárias 3 horas para chegar aos mínimos detalhes. Esse esforço ocasional tem um retorno considerável na compreensão automatizada de novos trechos.

Nesse ponto é preciso fazer uma observação sobre o uso de gramáticas e dicionários:
1. Gramáticas: quando a pessoa já tem o nível mínimo para começar a ler de modo independente, a questão principal torna-se mais vocabulário do que gramática propriamente dita. O ideal é recorrer a gramáticas apenas para ilustrar um trecho ou construção que não foi bem entendido. Mas a leitura feita com motivação, com interesse real no significado que o texto pretende transmitir, ajuda a superar dificuldades gramaticais.
2. Dicionários: o uso constante de dicionários a cada palavra desconhecida, a cada linha de um parágrafo, acaba desestimulando e faz a pessoa abandonar a leitura. É preciso superar a tentação de se abrir o dicionário a cada palavra desconhecida. Para ajudar nesse sentido, o contexto e a técnica do cognato são muito úteis. E se a palavra desconhecida for extremamente importante, ela vai aparecer tantas vezes no texto que se você não acabar entendendo seu significado, você vai perceber que essa é uma palavra que vale a pena consultar no dicionário. Em minha opinião -- com a qual você não precisa concordar -- as palavras tem a seguinte ordem de prioridade decrescente: primeiro os substantivos, depois os verbos, adjetivos e advérbios. A frase deve ser usada para ilustrar o vocabulário, e não o contrário.

Muito mais pode ser dito sobre vocabulário, gramáticas e dicionários, mas o objetivo é abordar esses assuntos dentro do âmbito das técnicas de leitura. Se o leitor, ou a leitora, conhecer mais algumas técnicas, fique à vontade para compartilhar!


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Técnicas de compreensão auditiva

Conversação é o que a maioria das pessoas buscam quando o assunto é línguas estrangeiras. Para conversar melhor, entender o interlocutor é fundamental, daí a importância das técnicas de compreensão auditiva. Antes, a fim de melhorar a escuta em língua estrangeira, o(a) interessado(a) pode se fazer as seguintes perguntas:

1. Utilizo o meu conhecimento geral e faço inferências para tentar entender?
2. Consigo indicar com precisão o que não entendi ao meu interlocutor?
3. Repito o que foi dito de outro modo, resumindo, para confirmar se entendi?

Agora algumas técnicas básicas:

1. Técnica da escuta com texto escrito:
 isso é possível fazer com amostras de provas de idiomas acompanhadas do áudio e respectiva transcrição, ou ainda com revistas tipo a SpeakUp ou matérias da BBC (inglês), Radio France Internationale (francês) ou Deutsche Welle (alemão), por exemplo. A ideia é escutar tudo primeiro e checar o quanto se entendeu. Depois da segunda escuta com o máximo de atenção, lê-se o texto. Nesse momento a pessoa verifica os pontos que não foram compreendidos -- foi um conjunto específico de fonemas? foi uma palavra ou expressão nova? Enfim, a pessoa faz uma autoavaliação. Ao final, ela escuta o trecho novamente, dessa vez com o acompanhamento do texto. Isso aumenta o discernimento auditivo do aprendiz.

2. Técnica da escuta com foco: você pode escutar para pegar os verbos no particípio; ou as referências numéricas; ou as junções de palavras (liaison em francês); ou os conectivos; ou o contexto geral; ou alguma informação específica; enfim, qualquer coisa que seja seu objetivo no momento. É normal que algo passe despercebido, daí a pertinência da questão número "1" acima.

Por último, vale recomendar -- para quem estuda inglês -- o livro "Como entender o inglês falado", autoria de Ben Parry Davies. Na introdução do livro temos o seguinte trecho: "É muito fácil confundir sucesso em compreensão com compreensão total, e o comentário frequente "não entendi nada", na verdade, quer dizer que o aluno não conseguiu entender tudo, apesar de muitas vezes ter entendido o suficiente para o objetivo comunicativo."

Bons estudos!