segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Resumão

Prezados leitores,

Devido a um projeto de tradução assumido recentemente, precisarei me afastar da escrita desse blog. De qualquer modo, nas últimas postagens vocês encontrarão um resumão das principais técnicas de estudo nas 4 habilidades linguísticas, e também informações sobre o nível que podem atingir e dicas de autodidatismo. Continuem participando e deixando seus comentários.

Desejo ótimos estudos a todos!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Técnicas de escrita

A escrita geralmente é a última habilidade que desenvolvemos na língua estrangeira. Contudo, é importante para quem realizará prova de proficiência ou deseja ser tradutor, por exemplo. Vejamos algumas questões prévias de autoavaliação:
1. Você escreve algo derivado de necessidade real (tema e vocabulário pertinentes)?
2. Elabora resumo antes de começar?
3. Busca consolidar o que já conhece?
4. Aplica o que acabou de aprender?
5. Elabora lista e controla seus "erros preferidos" (aqueles que você sempre comete)?

Agora vejamos 3 técnicas de escrita propriamente ditas, seguidas de 3 observações:
1. Técnica do speech focada somente na escrita: como já comentado no post sobre a técnica de conversação do speech (discurso), a ideia é escrever algo que você precisa comunicar imediatamente. A necessidade de escrever fará você buscar ativamente pelos conhecimentos que porventura lhe faltem, como vocabulário e gramática. Devido a essa busca ativa e uso imediato, a tendência de você fixar esses conhecimentos é maior.
2. Técnica da escrita de diálogos: assim como na conversação a pessoa pode falar alto ou treinar diálogos apenas mentalmente, aqui tudo é posto no papel. Já foi dito uma vez que a leitura fornece conhecimento, o debate dá agilidade e a escrita confere precisão.
3. Técnica da cópia: trata-se da cópia do trecho preferido de um livro, revista ou qualquer mídia impressa. A partir dessa cópia, você pode alterar algumas palavras por seus sinônimos, alterar a estrutura de uma frase, enfim, você pode brincar com o texto, melhorando sua escrita, vocabulário e gramática tudo ao mesmo tempo, tendo como foco um texto que aprecia.

Quando estiver escrevendo e ficar em dúvida quanto a uma palavra ou estrutura, use o que achar mais correto. Não pare para checar em gramáticas ou dicionários enquanto estiver digitando ou com a caneta na mão. Só depois de finalizado o texto você volta nas partes duvidosas e faz uma revisão. Assim você pode verificar se o que pensou estava correto ou não e retificar seu pensamento. Se você sempre consulta as gramáticas ou dicionários antes de escrever, pode acabar fazendo isso de modo automático e não assimilar o conteúdo procurado.

Por outro lado, você pode estudar na gramática uma determinada estrutura e em seguida utilizá-la em seu texto. O mesmo pode ser feito com vocabulário novo. Você pode usar uma técnica ou outra, conforme seus objetivos, ou mesmo variá-las, usando ora uma ora outra, a fim de quebrar a rotina e tornar os estudos autodidáticos sempre atraentes.

Além disso, é importante também ter seu texto revisado por nativos do idioma. Agora, cuidado! Se você está caminhando do nível intermediário para o avançado, por exemplo, um nativo com poucos conhecimentos linguísticos pode acabar dando uma opinião duvidosa. Já tive experiência com nativos de vários idiomas que, por saberem menos de gramática e às vezes por desconhecerem palavras mais técnicas, acabaram corrigindo errado o meu texto. Às vezes, quando você descobre que aprendeu errado, pode ser tarde demais, ainda mais se você estiver fazendo um exame de proficiência! Por isso, é muito importante selecionar os seus "tutores" linguísticos. Isso ocorre porque a parte escrita é a habilidade menos treinada pela maioria das pessoas, seja qual for o idioma.

Boa escrita!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Técnicas de leitura

As técnicas de leitura em idioma estrangeiro são fundamentais para aumentar o vocabulário, adquirir conhecimentos técnicos ou mesmo para entretenimento. Ao modo de autoavaliação, o(a) interessado(a) pode começar respondendo às seguintes perguntas:
1. Uso meus conhecimentos sobre o tema para decifrar as partes obscuras de um texto?
2. Apoio-me no contexto?
3. Aproveito os cognatos para ampliar meu vocabulário?

A palavra cognato significa, aqui, as palavras de origem comum, ou mais precisamente, de mesma raiz. O verbo "considerar" tem como cognatos, por exemplo, as palavras "consideração", "considerável", "consideravelmente", "considerado", "considerando", "considerabilidade", "desconsiderar", desconsideração". Ou seja, conhecendo o verbo, não é difícil deduzir o sentido das outras palavras. Para isso é importante conhecer os prefixos (palavras que vêm antes, como o "des-" de "desconsiderar") e os sufixos (palavras que vêm depois, como o "-ável" de "considerável"). Essa habilidade com a nossa própria língua materna pode e deve ser transferida para línguas estrangeiras. Disso deriva a primeira técnica abaixo:

1. Técnica do cognato: conhecimento dos principais prefixos e sufixos do idioma para derivar palavras e decifrar o texto.
2. Técnica da repetição do tema: ler vários textos sobre o mesmo assunto de interesse. O ideal é que seja assunto já dominado na língua materna, pois sendo assim fica mais fácil deduzir o significado de palavras desconhecidas no idioma estrangeiro.
3. Técnica da leitura de livro traduzido: ler a tradução, para o idioma estudado, de um livro que se conhece bem. Apesar de muitas vezes traduções não apresentarem a mesma fluidez de um texto escrito no idioma original, elas são muito boas porque você já sabe de antemão o que o texto quer dizer.
4. Técnica da leitura extensiva: na leitura extensiva, lê-se muito sem se preocupar com detalhes ou palavras desconhecidas. A ideia é passar por cima do texto para, de maneira até inconsciente, se absorver o modo de construção das frases (sintaxe) assim como vocabulário novo.
5. Técnica da leitura intensiva: na leitura intensiva, seleciona-se um trecho para dissecção. Dissecar significa entender todas as relações entre as palavras, a começar pela identificação do sujeito, do verbo e dos complementos, suas variações, e todo o vocabulário contido naquela passagem. Não importa se são necessárias 3 horas para chegar aos mínimos detalhes. Esse esforço ocasional tem um retorno considerável na compreensão automatizada de novos trechos.

Nesse ponto é preciso fazer uma observação sobre o uso de gramáticas e dicionários:
1. Gramáticas: quando a pessoa já tem o nível mínimo para começar a ler de modo independente, a questão principal torna-se mais vocabulário do que gramática propriamente dita. O ideal é recorrer a gramáticas apenas para ilustrar um trecho ou construção que não foi bem entendido. Mas a leitura feita com motivação, com interesse real no significado que o texto pretende transmitir, ajuda a superar dificuldades gramaticais.
2. Dicionários: o uso constante de dicionários a cada palavra desconhecida, a cada linha de um parágrafo, acaba desestimulando e faz a pessoa abandonar a leitura. É preciso superar a tentação de se abrir o dicionário a cada palavra desconhecida. Para ajudar nesse sentido, o contexto e a técnica do cognato são muito úteis. E se a palavra desconhecida for extremamente importante, ela vai aparecer tantas vezes no texto que se você não acabar entendendo seu significado, você vai perceber que essa é uma palavra que vale a pena consultar no dicionário. Em minha opinião -- com a qual você não precisa concordar -- as palavras tem a seguinte ordem de prioridade decrescente: primeiro os substantivos, depois os verbos, adjetivos e advérbios. A frase deve ser usada para ilustrar o vocabulário, e não o contrário.

Muito mais pode ser dito sobre vocabulário, gramáticas e dicionários, mas o objetivo é abordar esses assuntos dentro do âmbito das técnicas de leitura. Se o leitor, ou a leitora, conhecer mais algumas técnicas, fique à vontade para compartilhar!


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Técnicas de compreensão auditiva

Conversação é o que a maioria das pessoas buscam quando o assunto é línguas estrangeiras. Para conversar melhor, entender o interlocutor é fundamental, daí a importância das técnicas de compreensão auditiva. Antes, a fim de melhorar a escuta em língua estrangeira, o(a) interessado(a) pode se fazer as seguintes perguntas:

1. Utilizo o meu conhecimento geral e faço inferências para tentar entender?
2. Consigo indicar com precisão o que não entendi ao meu interlocutor?
3. Repito o que foi dito de outro modo, resumindo, para confirmar se entendi?

Agora algumas técnicas básicas:

1. Técnica da escuta com texto escrito:
 isso é possível fazer com amostras de provas de idiomas acompanhadas do áudio e respectiva transcrição, ou ainda com revistas tipo a SpeakUp ou matérias da BBC (inglês), Radio France Internationale (francês) ou Deutsche Welle (alemão), por exemplo. A ideia é escutar tudo primeiro e checar o quanto se entendeu. Depois da segunda escuta com o máximo de atenção, lê-se o texto. Nesse momento a pessoa verifica os pontos que não foram compreendidos -- foi um conjunto específico de fonemas? foi uma palavra ou expressão nova? Enfim, a pessoa faz uma autoavaliação. Ao final, ela escuta o trecho novamente, dessa vez com o acompanhamento do texto. Isso aumenta o discernimento auditivo do aprendiz.

2. Técnica da escuta com foco: você pode escutar para pegar os verbos no particípio; ou as referências numéricas; ou as junções de palavras (liaison em francês); ou os conectivos; ou o contexto geral; ou alguma informação específica; enfim, qualquer coisa que seja seu objetivo no momento. É normal que algo passe despercebido, daí a pertinência da questão número "1" acima.

Por último, vale recomendar -- para quem estuda inglês -- o livro "Como entender o inglês falado", autoria de Ben Parry Davies. Na introdução do livro temos o seguinte trecho: "É muito fácil confundir sucesso em compreensão com compreensão total, e o comentário frequente "não entendi nada", na verdade, quer dizer que o aluno não conseguiu entender tudo, apesar de muitas vezes ter entendido o suficiente para o objetivo comunicativo."

Bons estudos!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Técnica de conversação - speech

A técnica do speech é uma técnica de conversação em idiomas estrangeiros. Funciona assim:

1. Escolha o assunto sobre o qual quer falar. Tem que ser um assunto na sua área, algo que já conhece bem em português. Ou algo que vai precisar urgentemente para uma viagem, por exemplo.
2. Faça um rascunho em português mesmo. Coisa curta, um parágrafo de 3 a 4 linhas no máximo.
3. Traduza o texto para a língua que estiver aprendendo da melhor forma possível. Haverá erros, claro, porém não se preocupa com isso. O fato de você pensar ativamente no que deve dizer é a grande chave desse exercício. E a escrita ajuda a ver com clareza o que deve ser dito de modo correto.
4. Use o texto como base para a conversa com um estrangeiro no idioma que está aprendendo. Veja se ele entende, qual a reação, qual a resposta. Se ele te corrigir, incorpore a correção no seu texto para você ir aprimorando.

O speech (discurso, em inglês) pode ser também um diálogo, com você se antecipando às possíveis respostas do seu interlocutor. Essa técnica pode ser usada assim que você tiver o mínimo de conhecimento necessário para formar frases com o vocabulário que te interessa.

Em relação aos possíveis erros, a chave é você colocá-los em ordem de importância. Os erros que impedem o entendimento devem ser trabalhados antes. Quando eu estava aprendendo francês, por exemplo, para mim era prioritário saber estruturar a frase, usando o "ne...pas" corretamente, com os particípios e advérbios no lugar certo. Isso era mais importante que a conjugação exata de um verbo, pois esse é um erro que não atrapalha a comunicação.

A mesma coisa em alemão. É mais importante, no início, você acertar a ordem / estrutura da frase, com o verbo no final, do que as terminações dos casos (acusativo, dativo...). Quando você conseguir fazer o primeiro com o pé nas costas, aí você pode se concentrar nos casos, e assim vai progredindo no idioma.

Usei a técnica do speech quando atuava como guia de turismo nas Cataratas do Iguaçu para o francês e o italiano. Vivia com papel e caneta na mão anotando as palavras novas, e os turistas adoravam ajudar!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Livros do Autodidata em Idiomas

Embalado na bibliografia sobre técnicas de aprendizado de línguas, gostaria de compartilhar mais alguns títulos interessantes para quem gostaria de aprender idiomas sozinho, porém não sabe por onde começar. Vale também para quem frequenta escolas de idiomas mas deseja acelerar o aprendizado estudando por fora -- aliás, procedimento essencial para qualquer adulto nesses tempos em que todo mundo quer resultados para ontem. Para ontem não vai dar, mas pode ser mais rápido do que só na escola. Não existe milagre nem mistério, existe dedicação com as técnicas adequadas a você. As obras abaixo podem ajudar nesse sentido (infelizmente, a grande maioria ainda apenas em inglês).


01. Como ser um ótimo aluno de idiomas, de Joan Rubin e Irene Thompson.

02. Fluent in 3 months: how anyone at any age can learn to speak any language from anywhere in the world, de Benny Lewis.

03. How to learn a foreign language, de Paul Pimsleur.

04. Language acquisition made practical: field methods for language learners, de E. Thomas Brewster e Elizabeth S. Brewster.

05. Speak like a native: professional secrets for mastering foreign languages, de Michael Janich.

06. The art and science of learning languages, de A. Gethin e E. V. Gunnemark.

07. The pocket linguist: a practical guide to learning any language, de Gregg A. Miller.

08. The quick and dirty guide to learning languages fast, de A. G. Hawke.

09. The way of the linguist: a language learner odyssey, de Steve Kaufmann.

10. Whole world guide to language learning, de Terry Marshall.

Se você já leu alguma(s) dessas obras, fique à vontade para comentar. Se conhecer mais algum(ns) livro(s) nessa área, compartilhe!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Livros Poliglotismo

Pegando carona na postagem anterior, vale a pena abordar também os livros sobre Poliglotismo. Existem alguns grandes poliglotas na internet, com destaque, a meu ver, para Alexander Arguelles. No Brasil, e um dos maiores -- se não o maior -- do mundo é o Carlos Amaral Freire. Agora, livros mesmo, não é fácil achar. Por isso recomendo aqui dois títulos que me ajudaram muito a compreender o universo das práticas, técnicas e estudos referente ao poliglotismo:

1. Bilingual: life and reality, de François Grosjean. Resumindo toda a massa de estudos formais sobre o bilinguismo, o autor consegue ser didático e acessível. No meio acadêmico, o poliglotismo não é muito estudado, e sim o bilinguismo. Do ponto de vista prático, grande parte dos estudos sobre o bilinguismo podem ser extrapolados para a pesquisa sobre os poliglotas, afinal de contas, vários fenômenos (como o princípio da complementaridade e a mudança de código) são os mesmos.

2. Babel no more, de Michael Erard. O subtítulo do livro, the search for the world's most extraordinary language learners (a busca pelos mais extraordinários aprendizes de idiomas do mundo) dá o tom desse livro, quem tem o mérito de ser pioneiro no estudo dos poliglotas do jeito que eles são. Dissipar a bruma mística em torno dessas personalidades, ao mesmo tempo em que se ressalta as suas qualidades e possíveis contribuições para todos que querem aprender idiomas, é tarefa que requer honestidade e exatidão.

Esses dois livros, infelizmente ainda apenas em inglês, são bastante úteis e não podem faltar na biblioteca daqueles interessados em poliglotismo de modo geral. Conhecem outros livros na área?