quarta-feira, 30 de julho de 2014

Técnica de conversação - speech

A técnica do speech é uma técnica de conversação em idiomas estrangeiros. Funciona assim:

1. Escolha o assunto sobre o qual quer falar. Tem que ser um assunto na sua área, algo que já conhece bem em português. Ou algo que vai precisar urgentemente para uma viagem, por exemplo.
2. Faça um rascunho em português mesmo. Coisa curta, um parágrafo de 3 a 4 linhas no máximo.
3. Traduza o texto para a língua que estiver aprendendo da melhor forma possível. Haverá erros, claro, porém não se preocupa com isso. O fato de você pensar ativamente no que deve dizer é a grande chave desse exercício. E a escrita ajuda a ver com clareza o que deve ser dito de modo correto.
4. Use o texto como base para a conversa com um estrangeiro no idioma que está aprendendo. Veja se ele entende, qual a reação, qual a resposta. Se ele te corrigir, incorpore a correção no seu texto para você ir aprimorando.

O speech (discurso, em inglês) pode ser também um diálogo, com você se antecipando às possíveis respostas do seu interlocutor. Essa técnica pode ser usada assim que você tiver o mínimo de conhecimento necessário para formar frases com o vocabulário que te interessa.

Em relação aos possíveis erros, a chave é você colocá-los em ordem de importância. Os erros que impedem o entendimento devem ser trabalhados antes. Quando eu estava aprendendo francês, por exemplo, para mim era prioritário saber estruturar a frase, usando o "ne...pas" corretamente, com os particípios e advérbios no lugar certo. Isso era mais importante que a conjugação exata de um verbo, pois esse é um erro que não atrapalha a comunicação.

A mesma coisa em alemão. É mais importante, no início, você acertar a ordem / estrutura da frase, com o verbo no final, do que as terminações dos casos (acusativo, dativo...). Quando você conseguir fazer o primeiro com o pé nas costas, aí você pode se concentrar nos casos, e assim vai progredindo no idioma.

Usei a técnica do speech quando atuava como guia de turismo nas Cataratas do Iguaçu para o francês e o italiano. Vivia com papel e caneta na mão anotando as palavras novas, e os turistas adoravam ajudar!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Livros do Autodidata em Idiomas

Embalado na bibliografia sobre técnicas de aprendizado de línguas, gostaria de compartilhar mais alguns títulos interessantes para quem gostaria de aprender idiomas sozinho, porém não sabe por onde começar. Vale também para quem frequenta escolas de idiomas mas deseja acelerar o aprendizado estudando por fora -- aliás, procedimento essencial para qualquer adulto nesses tempos em que todo mundo quer resultados para ontem. Para ontem não vai dar, mas pode ser mais rápido do que só na escola. Não existe milagre nem mistério, existe dedicação com as técnicas adequadas a você. As obras abaixo podem ajudar nesse sentido (infelizmente, a grande maioria ainda apenas em inglês).


01. Como ser um ótimo aluno de idiomas, de Joan Rubin e Irene Thompson.

02. Fluent in 3 months: how anyone at any age can learn to speak any language from anywhere in the world, de Benny Lewis.

03. How to learn a foreign language, de Paul Pimsleur.

04. Language acquisition made practical: field methods for language learners, de E. Thomas Brewster e Elizabeth S. Brewster.

05. Speak like a native: professional secrets for mastering foreign languages, de Michael Janich.

06. The art and science of learning languages, de A. Gethin e E. V. Gunnemark.

07. The pocket linguist: a practical guide to learning any language, de Gregg A. Miller.

08. The quick and dirty guide to learning languages fast, de A. G. Hawke.

09. The way of the linguist: a language learner odyssey, de Steve Kaufmann.

10. Whole world guide to language learning, de Terry Marshall.

Se você já leu alguma(s) dessas obras, fique à vontade para comentar. Se conhecer mais algum(ns) livro(s) nessa área, compartilhe!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Livros Poliglotismo

Pegando carona na postagem anterior, vale a pena abordar também os livros sobre Poliglotismo. Existem alguns grandes poliglotas na internet, com destaque, a meu ver, para Alexander Arguelles. No Brasil, e um dos maiores -- se não o maior -- do mundo é o Carlos Amaral Freire. Agora, livros mesmo, não é fácil achar. Por isso recomendo aqui dois títulos que me ajudaram muito a compreender o universo das práticas, técnicas e estudos referente ao poliglotismo:

1. Bilingual: life and reality, de François Grosjean. Resumindo toda a massa de estudos formais sobre o bilinguismo, o autor consegue ser didático e acessível. No meio acadêmico, o poliglotismo não é muito estudado, e sim o bilinguismo. Do ponto de vista prático, grande parte dos estudos sobre o bilinguismo podem ser extrapolados para a pesquisa sobre os poliglotas, afinal de contas, vários fenômenos (como o princípio da complementaridade e a mudança de código) são os mesmos.

2. Babel no more, de Michael Erard. O subtítulo do livro, the search for the world's most extraordinary language learners (a busca pelos mais extraordinários aprendizes de idiomas do mundo) dá o tom desse livro, quem tem o mérito de ser pioneiro no estudo dos poliglotas do jeito que eles são. Dissipar a bruma mística em torno dessas personalidades, ao mesmo tempo em que se ressalta as suas qualidades e possíveis contribuições para todos que querem aprender idiomas, é tarefa que requer honestidade e exatidão.

Esses dois livros, infelizmente ainda apenas em inglês, são bastante úteis e não podem faltar na biblioteca daqueles interessados em poliglotismo de modo geral. Conhecem outros livros na área?

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Livros Autodidatismo em Idiomas

Não é tão comum encontrar livros de grandes poliglotas falando sobre as técnicas que utilizaram para aprender idiomas. Livros sobre autodidatismo em idiomas então, mais raro ainda, pelo menos no Brasil. Mesmo assim existem alguns livros que podem ser recomendados nesse sentido:

1. Como aprendi o português e outras aventuras, de Paulo Rónai. Leitura agradabilíssima sobre como um erudito húngaro, radicado no Brasil, aprendeu o português, desde as dificuldades de interpretação de poesias paulistas até as peripécias nos bondinhos portugueses. Quando chegou ao Brasil, Rónai exclamou: "ah, esse foi o português que aprendi"! Há outros capítulos falando sobre métodos utilizados por poliglotas do mundo todo.

2. Polyglot: how I learn languages, de Kató Lomb. Outra húngara, cuja obra foi traduzida para o inglês e se encontra disponível em: http://www.cc.kyoto-su.ac.jp/information/tesl-ej/ej45/tesl-ej.ej45.fr1.pdf. Ler a Kató é motivo de inspiração constante. Vale lembrar que a maioria de suas línguas foram aprendidas em idade adulta, demolindo o mito de que se aprende apenas quando é criança. Estamos falando de uma das primeiras intérpretes de conferência do mundo.

3. The polyglot project, organizado por Claude Cartaginese. Trata-se de uma antologia com artigos de diferentes aprendizes de idiomas, alguns mais avançados, outros menos. Contam a experiência de cada um aprendendo e dominando os idiomas que estabeleceram para si. Vale a pena ler os artigos de Moses McCormick, Stuart Jay Raj e Benny Lewis. O livro está disponível em http://www.fluentin3months.com/wp-content/downloads/The_Polyglot_Project.pdf.

Existem também vários livros, sobretudo em inglês, que tratam do tema "teach yourself languages" -- ensine idiomas a si mesmo. Há de saber distinguir entre os livros sérios e os mercantilistas. Como disse no início, conheço poucos livros publicados no Brasil sobre o assunto. Além da obra de Rónai citada acima, tenho também o livro As línguas divertem: uma visão não convencional, de Oswaldo Ballarin.

Se alguém conhecer outros livros brasileiros na área, por favor compartilhe!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Autodidatismo em idiomas

É plenamente possível aprender idiomas de forma autodidata. O autodidatismo em idiomas não implica em aprendizado isolado, totalmente independente, sem recorrer à ajuda de pessoas mais capazes, eventualmente até mesmo professores. Significa, antes, o estudo conduzido e supervisionado pela própria pessoa, senhora de si, com objetivos e estratégias selecionadas por si, adequadas a si, utilizadas de maneira condizente com suas características gerais de personalidade, levando também em conta a estrutura material disponível, o tempo, e a disposição para levar a cabo a aquisição. A obra Como ser um ótimo aluno de idiomas, de Joan Rubin e Irene Thompson (2000), apresenta técnicas e estratégias para o aprendiz gerenciar o próprio aprendizado. Não se trata de um manual para o autodidata em idiomas, porém constitui um prático material de apoio e orientação nesse sentido. Destacar-se-á algumas ideias aduzidas pelas autoras com a intenção de precisar a postura autodidata.


1) Definir objetivos: é importante definir claramente os objetivos que se quer atingir ao iniciar o estudo de qualquer idioma. Para que aprender uma língua? Os motivos são tão diversos quanto as motivações pessoais de cada um. Podem ser profissionais, educacionais, sociais ou pessoais. Em primeiro lugar, definir as necessidades perante o idioma. Em seguida, manter os objetivos em um nível realista. Ninguém aprende um idioma de um dia para o outro. O seu aprendizado pode levar muito tempo, em função da afinidade, da complexidade e do grau de parentesco da língua-alvo com a língua materna, entre outros fatores.


2) Estabelecer nível: o aprendiz, a fim de manter seus objetivos realistas, pode estabelecer para si próprio o nível que pretende alcançar na língua em questão. Quer ser fluente? Quer saber o suficiente para a sua profissão técnica? Precisa aprender apenas a ler no idioma, a fim de passar em alguma prova? Ao que tudo indica, cada vez que se passa de um para outro nível o aprendizado exigirá gradualmente mais tempo e esforço. Por ocasião do processo de planejamento de objetivos, recomenda-se levar em conta o fato de que a dificuldade aumenta a cada vez que se passa de um nível a outro. Para ajudar nesse processo, pode-se aproveitar a escala global de níveis de proficiência, disponibilizada abaixo, desenvolvida pela União Européia. Tal trabalho foi realizado para padronizar as avaliações de idiomas nos diferentes países da Europa, e reflete o consenso quanto aos níveis pelos quais a pessoa passa quando aprende uma língua estrangeira.



3) Disponibilizar recursos: o aprendiz geralmente lança mão, em seu empreendimento, de livros-texto, dicionários, fitas cassete, CDs, gramáticas, fitas de vídeo, softwares, professores, falantes nativos, amigos, revistas, jornais e livros, entre outros. Vários desses materiais podem ser conjugados. Por exemplo: um artigo de uma determinada revista pode ser lido a fim de ser resumido ou então para que se escreva a posição pessoal em relação ao assunto abordado. Nessa atividade pratica-se a leitura crítica, adquiri-se vocabulário e, por fim, exercita-se a escrita. O mesmo exemplo pode ser estendido a um filme. Depois de assisti-lo, discutir-se-ia sobre o mesmo. Igualmente, se aprenderia vocabulário de maneira espontânea, se treinaria a compreensão auditiva e, ao final, se exercitaria a expressão oral. Vale assinalar que os DVDs atuais possuem recursos que permitem ver um filme na sua língua original com legendas ou na língua materna do telespectador. Há ainda revistas com artigos em formato sonoro, em CDs. Pode-se escutá-lo e depois checar a compreensão lendo o artigo. Como se constata, a imaginação é o único limite para a utilização original e proveitosa dos materiais disponíveis no mercado.



4) Desenvolver plano de estudos: estabelecidos os objetivos e o nível que se quer alcançar, conforme os recursos disponíveis, o próximo passo é desenvolver o próprio plano de estudos. Nesse particular a disciplina e a dedicação são indispensáveis. Há autodidatas que dedicam 3 horas diárias ao estudo de um determinado idioma. Há outros que estudam por imersão, isto é, procuram “respirar” o idioma-alvo 24 horas, saturando a mente com ele. Independentemente da escolha, é importante observar a dedicação dispensada a cada uma das 4 (quatro) habilidades da língua, isto é, a escuta, a fala, a leitura e a escrita. Vale a pena se dedicar a cada uma por igual ou priorizar a escuta em primeiro lugar e depois a fala? São questões que os passos anteriores já vão de certa forma respondendo e delimitando.


5) Aprender a aprender: uma boa dica é tornar-se um estrategista de si mesmo. O aprendiz que deseja aprimorar uma determinada habilidade, por exemplo, a expressão oral, pode elaborar um questionário para si mesmo a fim de aperfeiçoar cada vez mais seu processo de auto-instrução. Seriam questões do tipo: quando não sabe como dizer algo no idioma estrangeiro, tenta dizê-lo de outra forma? Ao sentir-se “travado” em uma conversação, geralmente tenta obter ajuda de seu interlocutor? Você possui uma variedade de expressões úteis para comunicar-se durante uma conversação na outra língua, por exemplo, frases fixas que expressam o seu estado de ânimo ou problemas com a linguagem, expressões padronizadas para cobrir as brechas na conversação, para ser sociável e amistoso?

           
Vale ressaltar que dificilmente os interesses financeiros de editoras de livros-texto, de escolas, e até de professores, sugerirão o aprendizado autodidata de línguas. É preciso lembrar, contudo, que uma vez que se tenha disponível a informação – a língua em si, através de livros e dicionários –, no que, aliás, a Internet veio muito a contribuir, e a vontade aliada à disciplina, é perfeitamente exequível tornar-se um autodidata. Basta, acima de tudo, dedicação.